
ZOOLOOK
Lançamento: 12 de novembro de 1984
Composto e executado por Jean Michel Jarre
Gravação: Entre 1982 e 1984
Selo: Disques Dreyfus
Gravadora: Polydor / Polygram International (1984); Sony Music / Epic (1997); Sony Music / Columbia (2015)
Capa: Kate Hepburn
Duração: 37:56
TRACKLIST:
Ethnicolor (11:41)
Diva (7:33)
Zoolook (3:50)
Wooloomooloo (3:20)
Zoolookologie ( 4:20)
Blah-Blah Cafe (3:22)
Ethnicolor II (3:52)
2ª PRENSAGEM (1985)
Ethnicolor (11:45)
Diva (7:12)
Zoolookologie (Remix) 3:46
Wooloomooloo (3:18)
Zoolook (Remix) 3:51
Blah-Blah Cafe (3:21)
Ethnicolor II (3:52)
SINGLES:
ZOOLOOK:

LADO A:
Zoolook (Remix Version) 3:41
Wooloomooloo 3:23
LADO B
Zoolook (Extended Dub Mix) 6:31
Zoolook (Effects) 0:58
ZOOLOOKOLOGIE:

LADO A:
Zoolookologie (Extended Mix) 6:27
LADO B:
Zoolookologie (Single Remix) 3:44
Ethnicolor II 3:52
VIDEOCLIPS:
ZOOLOOK
ZOOLOOKOLOGIE
MAKING OF ZOOLOOK
Parte 1:
Parte 2:
MAKING OF DIVA E ENTREVISTA:
Instrumentos:
Linn LM-1
Linn LinnDrum
Simmons SDS-V
Eminent 310U
Garfield Electronics Doctor Click
E-mu Emulator
Fairlight CMI-II
ARP 2600
EMS Synthi AKS
Moog 55
Oberheim OB-Xa
Sequential Circuits Prophet-5
Yamaha DX7
EMS Vocoder 1000
Produção /La Tribu :
Jean Michel Jarre – Teclados, Fairlight CMI
Frederick Rousseau – Teclados adicionais
Musicos convidados: Laurie Anderson (vocal), Yogi Horton (bateria), Adrian Belew (guitarra), Ira Siegel (guitarra), Marcus Miller (baixo)
Assistente de Produção: Denis Vanzetto, Pierre Mourey (FRANÇA) – Daniel Lazerus (EUA)
Pesquisa Etimológica : Xavier Bellenger
Gravação: Croissy Studios – França / Klinton Studio,NY – Estados Unidos
Após o sucesso sem precedentes de se tornar o primeiro ocidental a se apresentar no país do dragão asiático depois de mais de quatro décadas, com The Concerts in China (1982), Jean Michel Jarre experimentou uma grande abertura mental em relação a outras culturas e idiomas.
Enquanto isso acontecia, o francês havia composto, em 1983, um único álbum chamado Music for Supermarkets, concebido como uma obra de arte singular que foi destruída publicamente, em protesto contra a comercialização da música nesses espaços. Ainda assim, foi transmitido uma única vez por uma emissora de rádio AM, onde Jarre incentivou os ouvintes a piratearem a gravação em casa.
Jarre vinha trabalhando há quase dois anos no processamento de gravações de vozes de pessoas de diferentes partes do mundo, com o objetivo de realizar um projeto ambicioso: criar um LP baseado na fonética humana, fundindo sons vocais de diversas culturas com música eletrônica.
Junto com o etimólogo Xavier Bellenger, Jarre coletou gravações de fala e canto em cerca de 25 idiomas diferentes, incluindo dialetos como o quíchua, o balinês e o inuíte. Seguindo os preceitos da musique concrète de Pierre Schaeffer, essas vozes foram processadas pelo inovador sintetizador e sampler Fairlight CMI, tratadas ritmicamente e amplificadas em sua afinação. Hoje, algo relativamente comum, mas, na época, uma verdadeira revolução.
Jarre queria criar uma obra no estilo de uma “sinfonia fonética” ou uma linguagem musical universal sem significado direto, montando esses fragmentos vocais globais em um tapete sonoro que pudesse alcançar qualquer pessoa, independentemente de sua língua nativa.
Assim, o projeto se tornou altamente tecnológico e experimental, mesmo para os padrões atuais. O uso de timbres vocais de culturas diversas adiciona uma textura “étnica” e heterogênea ao som, amplificando a sensação de uma mensagem universal.
A gravação foi estruturada primeiro trabalhando as vozes com noise gates, Fairlight e vocoder, para depois adicionar camadas de percussão eletrônica, baixo e melodia. Nesse processo, Jarre buscava exatamente a inovação: queria um arranjo que pudesse beirar a loucura e o inaudível, mas sem perder sua habitual acessibilidade. Que desafio!
Pela primeira vez em sua carreira, o francês reuniu um grupo seleto de colaboradores que estavam na vanguarda dos anos 1980. Destaque para a participação da incrível Laurie Anderson, pioneira da arte sonora e da performance, que contribuiu com sua voz na faixa “Diva”, sete minutos de arte abstrata indizível com seus característicos sons vocais indeterminados.
Também participaram Adrian Belew, que começava a ganhar destaque com o King Crimson, trazendo seus clássicos efeitos de guitarra; Marcus Miller, virtuoso do baixo conhecido por seu trabalho com Miles Davis, que adicionou grooves funk; Yogi Horton, baterista de estúdio essencial na cena soul/funk dos anos 1980; e Frederick Rousseau, que auxiliou na programação e manipulação do Fairlight CMI.
O resultado? Zoolook, lançado em 12 de novembro de 1984, possui uma atmosfera futurista e multicultural. Grande parte das faixas gira em torno de loops e samples vocais: vozes humanas moduladas eletronicamente, funcionando como base rítmica e melódica.
Paralelamente, percebe-se a união de sintetizadores analógicos com baterias eletrônicas modernas, em um precursor maravilhoso da transição dos sons analógicos para os digitais nos primeiros anos 1980, sobre os quais deslizam pads e as habituais linhas melódicas pop de Jarre.
É difícil imaginar outro artista que tenha levado o Fairlight CMI a esse nível de manipulação. Talvez só seja comparável ao que Kate Bush faria com “Hounds of Love” no ano seguinte.
É importante notar como Jarre se afasta deliberadamente dos sons modernos dos novos Yamaha DX7, buscando um caráter mais complexo. Uma decisão acertada, já que, caso contrário, o disco poderia soar estranhamente semelhante às coisas mais “pop” de bandas como Europe ou Van Halen.
Qualquer tentativa de descrever o disco faixa por faixa está destinada ao fracasso.
As peças de Zoolook misturam sons estranhos que beiram o mau gosto no melhor dos sentidos, com grooves dançantes. Um verdadeiro museu antropológico de samples com arranjos pop/eletrônicos polidos.
Podemos destacar sucessos como a faixa homônima, um pedaço de música abstrata de estrutura livre, quase como uma obra de arte sonora em vez de uma canção convencional. Não há uma melodia clara: a peça é mais rítmica e textural.
“Zoolookologie” é outro destaque, com um ritmo dançante marcado pelo baixo de Miller, as guitarras de Belew e uma melodia divertida do Fairlight CMI. Tudo dá a impressão de ser cantado por “mulheres robô” (o videoclipe deixa isso bem claro).
Fique de olho nas faixas mais progressivas, como “Ethnicolor”, em suas duas partes, e “Diva”, com Laurie Anderson. São absolutamente supremas.
Com o passar do tempo, Zoolook se consolidou como uma obra de culto na discografia de Jarre. Um LP inovador e valioso, marcando o ápice da vertente concreta de Jarre no mundo do art pop eletrônico.
Um desses discos estranhos cujos sons você não ouvirá em nenhum outro lugar, e que vale a pena revisitar.
Fonte: ProgJazz
“Jean Michel Jarre é, sem dúvida, o único músico popular francês a ter alcançado sucesso internacional, não apenas na Europa, na América do Norte, no Japão, no Sudeste Asiático e na Austrália, mas também na América do Sul e na China.
Nascido em Lyon em 1948, Jean Michel é filho do famoso compositor Maurice Jarre e neto de André Jarre, que provavelmente teve uma influência maior sobre ele do que seu pai. André Jarre tocava oboé, um instrumento tradicional celta, era engenheiro e inventor. E seu neto herdou os vastos horizontes de sua imaginação. Jean Michel Jarre não apenas compõe e executa músicas que alcançam um público multicultural e multirracial em todo o planeta, como também realiza concertos espetaculares, como o de 1986 em Houston, Texas, com seus lasers, telões gigantes, fogos de artifício e show de luzes, que iluminaram o céu da cidade, tendo os edifícios de seu cento financeiro como pano de fundo para sua visão musical decididamente futurista.
Jean Michel Jarre gosta de fazer as coisas em grande estilo. Depois de Oxygene, em 1976, seu primeiro álbum, veio Equinoxe (1978), seguido por Magnetic Fields, em 1981, que estreou nos EUA nas paradas de Pop, Jazz e Música Clássica. Três anos depois, Zookook… ‘Estou tentando criar uma forma de música capaz de contar uma história sem palavras ou discurso, porque a língua francesa e o rock não combinam’, ele explicou na época. ‘Se um novo Maurice Chevalier viesse de Chicago, ou uma nova Edith Piaf de Brighton, o público francês não os aceitaria. Acho que se eu tiver sucesso, não é porque minha música é particularmente francesa, mas porque é diferente.’
Zoolook é diferente, Jarre usou vozes eletrônicas como bases rítmicas, criando assim ‘uma espécie de ópera eletrônica’, com a ajuda de outros músicos, como Laurie Anderson, conhecida por suas performances, e especialmente pelo seu hit vanguardista ‘O Superman’; o guitarrista Adrian Belew, que colaborou com David Bowie em ‘Lodger’ e ‘Stage’; e uma seção rítmica composta pelo baixista Marcus Miller e pelo baterista Yogi Horton, cujos nomes aparecem em discos de artistas tão diversos quanto Aretha Franklin, George Benson e Luther Vandross.
Talvez alguns anos à frente de seu tempo, Zookook representou um passo ousado e inovador em um território musical desconhecido. Zoolook é de fato um trabalho atemporal e único.”
John Tobler
Jornalista, 1997
Curiosidades:
– Foi o primiero álbum de Jean Michel Jarre a ser parcialmente gravado fora da França.
– Primeira colaboração com a artista da vanguarda musical americana Laurie Anderson.
– Grande parte da música é construída a partir de canções e vocais em mais de vinte idiomas diferentes, juntamente com sintetizadores, bem como instrumentos mais tradicionais.
– Os vocais sampleados foram: Aborígine, Árabe, Balinês, Buhndi, Chinês, Holandês (Ethnicolor II – 3:15), Inglês, Esquimo, Francês, Alemão, Húngaro, Índio, Japonês, Malgaxe, Malaio, Pigmeu, Polaco, Quechua, Espanhol, Sueco, Tibetano e Turco.
– Última colaboração de Frederick Rousseau com Jarre, pois ele passou a colaborar mais com Vangelis. Voltaria para a “le tribu” apenas em 1990, para tocar no concerto de La Defense.
– Recebeu o Grand Prix du Disque da L’Académie Charles Cros, o Victoires de la Musique de melhor álbum instrumental do ano e o prêmio holandês Edson. A Keyboards Magazine americana também escolheu Zoolook como o melhor álbum instrumental do ano.
– A faixa “Moon Machine” não ficou pronta a tempo do lançamento e foi lançada somente em 1986 como Lado B de um dos singles do álbum Rendez-Vous e em um flesh disc na revista americana “Keyboard Magazine”. Foi usada também como introdução do vídeo do concerto de Lyon, lançado em 1989. Em 1991 foi incluída na coletânea Images – The Best of Jean-Michel Jarre e em 2024, apareceu como faixa-bônus na edição comemorativa de 40 anos do Zoolook.

ARQUIVOS JARREFAN:
MARCUS MILLER RELEMBRA SUA COLABORAÇÃO EM ZOOLOOK (84)
NOVOS REMASTERIZADOS SERÃO LANÇADOS EM 2015 INCLUÍNDO EDIÇÃO 30º ANIVERSÁRIO DE ZOOLOOK !!!
“ZOOLOOK” – O INOVADOR E EXPERIMENTAL ÁLBUM DE J.M.JARRE COMPLETA 30 ANOS
LANÇADO NOVO BOX COM ÁLBUNS DE ESTÚDIO
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