JARRE NO BRASIL – Promessas completam três décadas – Parte IV

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Quarta parte da matéria sobre a vinda de Jean Michel Jarre ao país. 1997 parecia que tudo estava correndo bem. Finalmente teríamos o Jarre no Réveillon carioca…mas alguém dentro da RioTour não pensava assim…

1997 – O ANO QUE QUASE ACONTECEU !!!

A década estava passando e o tempo também. As notícias não apareciam.  Sem o suporte de uma grande gravadora e uma nova crise financeira mundial agravaram a situação de se fazer um mega-show no país. Mas 1997 parece que o vento começou a soprar novamente a favor. Depois de quase 4 anos sem gravar, Jean Michel Jarre anuncia o lançamento de um novo álbum inédito: Oxygene 7-13, uma quase continuação de seu clássico álbum de 20 anos antes. Anunciava também um acordo com uma nova gravadora a nível mundial, a Sony Music, que também passava a distribuir os álbuns do artista no Brasil. Houve pouca divulgação na mídia em geral: um comercial de TV na Rede Bandeirantes e alguns clips na MTV brasileira. Jarre não estava mais sendo tratado com uma estrela de primeira grandeza da música. Mesmo assim, ele anunciou uma nova turnê que deveria começar pela Europa em 1997 e continuar pelo resto do mundo no ano seguinte. Ao mesmo tempo em que surgiram negociações para dois mega-shows naquele ano: a celebração para os 850 anos da cidade de Moscou, na Rússia, e novamente, o Réveillon do Rio de Janeiro.

A primeira notícia sobre um concerto de Jean Michel Jarre no Réveillon no Rio, foi divulgada pelo colunista Zózimo Barrozo do Amaral, do jornal “O Globo” no início de 1997, em sua coluna diária. Informava que várias cidades da América do Sul, além de algumas capitais brasileiras, estavam na mira de Jean Michel Jarre, que iria passar com a turnê pelo continente. Destacou também um grande evento no Réveillon do Rio de Janeiro, em dezembro  de 1997. Outras notícias sobre o show no Rio, foram publicadas no exterior, como nos fanzines online do artista (Galaxie Jarre e Revolution-UK) e na revista oficial “Conductor of the Masses”. Até o site oficial da Sony Music do Brasil divulgou a notícia. A grande surpresa foi à matéria do jornal “O Globo” no Caderno 2, de 17 de junho de 1997, com uma grande chamada de capa e uma página e meia de reportagem com o título “LASER PELA AREIA”:

Jarre no Réveillon 1997: faltou boa vontade da RioTour

A reportagem informava que o empresário Manuel Poladian, seria o responsável pela vinda do artista e já tinha acertado com o Prefeito Luiz Paulo Conde para a realização do evento, com o apoio da Sony Music e de um patrocinador, que iria bancar sozinho, os US$ 4 milhões da produção. Porém, nem todos do governo municipal concordava com o evento. O Sr. Gerard Bourgeaiseau, Presidente da RioTour e secretário municipal da Cultura da Prefeitura do Rio, dizia desconhecer o projeto e não daria o seu aval, pois segundo ele, o show não iria priorizar o grande público, mas sim poucas pessoas endinheiradas. Muitos fãs revoltados chegaram a mandar e-mails e fax para a RioTour, que respondeu que não daria apoio a nenhum show daquele porte. A matéria destacou também, o polêmico Réveillon de 1995, onde Caetano Veloso, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Gal Costa, Chico Buarque e Paulinho da Viola, brigaram publicamente pelo cachê. Por fim, o jornal entrevistou alguns artistas para saber o que acharam da ideia de um concerto de Jarre em Copacabana, mostrando uma divisão de opiniões a favor e contra o projeto:

Aldir Blanc – Compositor: “Pelo que eu ouvi falar, este cara coloca a pirotecnia na frente da música e o Réveillon tem este negócio de fogos de artifício. Mas a mim, não diz absolutamente nada!”

Monique Evans – Modelo: “Acho esta idéia excelente, principalmente porque não é a prefeitura que está bancando. O show dele deve ser lindo, as músicas são maravilhosas. Dá a oportunidade de pessoas do povão verem um músico como ele. Essas pessoas nunca teriam acesso a uma casa fechada.”

João Barone – Baterista do Paralamas do Sucesso: “Pessoalmente, detesto Jean Michel Jarre, mas acho interessante fazer um show gratuito na praia. Mas mesmo que eu não goste do som dele, há milhares de pessoas que adoram. Não gosto de coisas grandiloquentes com os seus shows.”

Ziraldo – Cartunista: “Ele deveria passar o Réveillon com a mãe, que deverá ficar muito preocupada. Este show deveria ser na praia no dia em que não tem festa. Por que não 17 de Outubro? Acho que um show no Réveillon só atrapalha a minha festa, a festa de quem quer brincar, jogar areia no outro…”

Betty Gofman – Atriz global: “Este é um verdadeira intercâmbio cultural e as pessoas só tem a lucrar com isto, principalmente quando o evento é bancado por um patrocinador. Certo que alguns vão gostar e outras não. Mas arte é assim mesmo.”

Tony Belloto – Guitarrista do Titãs: “É sempre bom comemorar a passagem do ano com música, principalmente com um show de gabarito. Não acho que a polêmica do Réveillon de 1996 sirva para que se deixe de promover um evento com este. Naquele ano foi problema localizado, um acidente de percurso.”

Felipe Venâncio – DJ: “Os dois shows, o de David Copperfield, e o de Jean Michel Jarre, são muito parecidos. Acho que ele tem que pensar bastante sobre sua performance na praia, sobre como fará alguns instrumentos desaparecerem com sua iluminação especial.”

Com a “quase” certeza que desta vez, o show iria acontecer, pois tinha o patrocínio arrumado, infelizmente, a RioTour, órgão da Prefeitura do Rio de Janeiro, não quis seguir em frente. Um dia depois da reportagem sobre a vinda do músico, o mesmo jornal publicou a seguinte notícia que sepultava definitivamente o evento no Brasil:

“Depois de reafirmar que o músico Jean Michel Jarre não fará show nas areias de Copacabana na festa do Réveillon, o secretário municipal de Turismo, Gerard Bourgeaiseau, disse ontem que está aguardando as sugestões dos hoteleiros para definir os eventos de fim de ano. Bourgeaiseau assegurou que não haverá nenhum megashow nas areias de Copacabana e que, se Jarre quiser vir ao Rio, será para tocar em um lugar bem menor.”

Graças então ao Senhor Gerard Bourgeaiseau, ex-presidente da RioTour atual diretor da Associação Brasileira de Indústria de Hotéis do Estado do Rio de Janeiro (Abih-RJ), o show foi cancelado. Esta teria sido a melhor oportunidade de ver um concerto de Jarre no Brasil. Em 1997, apenas Moscou celebrou o show do artista, com a presença de 3,5 milhões de pessoas em frente à Universidade Estadual. Infelizmente, Jarre cancelou também a parte internacional da turnê no ano de 1998, para se concentrar nos projetos para a Copa do Mundo de 1998 e a sua parceria com o músico japonês Tetsuya “T.K.” Komuro.

A SEGUIR – NUNCA MAIS, OUTRA VEZ ???? – Quinta parte (Final !?!)

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Marcos Paulo
Fã Clube criado em 1997 nos primórdios da internet no Brasil. Buscamos sempre a realização de ao menos uma apresentação do Maestro Jean Michel Jarre em nosso país.