JEAN-MICHEL JARRE: “AGORA, MAIS DO QUE NUNCA, VOCÊ TEM QUE SER CRIATIVO”

Reportagem do jornal “La Vanguardia” – Espanha – 27/10/2020

Bilbao (Espanha), 27 de outubro – O compositor e produtor francês Jean-Michel Jarre considerou que, na atual situação criada pelo Covid-19, é necessário inovar “mais do que nunca” e ser “ainda mais criativo” para monetizar a tecnologia digital no setor musical.

Jean-Michel Jarre participou do segundo dia do congresso profissional BIME Pro que está sendo realizado no Palacio Euskalduna em Bilbao, até o dia 29 de outubro, e que, devido à pandemia, combina palestras e atividades presenciais com reuniões online.

Pioneiro da música eletrônica, Jean-Michel Jarre realizou uma palestra online sobre o presente e o futuro da indústria musical na qual enfatizou que durante a crise de saúde causada pelo Covid-19, foi demonstrado que a cultura e, em particular a música, são “essenciais”.

Ele considerou que nesse período, o paradigma mudou e que é preciso “convencer” as pessoas de que a música tem “valor inerente” e que, por trás dos artistas que se apresentam no palco, “há um ecossistema” com “muitos empregos” que possibilita que a indústria “siga em frente”.

Jean-Michel ressaltou que profissionais como técnicos e produtores, estão passando por sérias dificuldades na atual situação da pandemia. Para ele, a indústria musical não entendeu a “evolução da tecnologia” e está sempre “a um passo atrás” tentando alcançar os últimos desenvolvimentos. O músico francês considera necessário entender melhor o potencial da Internet em termos de troca de ideias e criações, e que isso “tem um valor”.

Ele ressaltou que as tecnologias digitais estão “mudando drasticamente o nosso mundo e os nossos relacionamentos” e observou que tecnologias como a Realidade Virtual (que ele recentemente explorou para se expressar “de uma maneira diferente”), devem ser “aproveitadas”.

No entanto, ele observou que a Realidade Virtual não pode substituir “o prazer de estar lado a lado com as pessoas e de desfrutar de um festival ou concerto”. Mas ele considera que tal tecnologia pode tornar mais fácil para os criadores agir “de outra forma” e lançar diferentes propostas ao público.

Jarre insistiu na bondade da tecnologia, pois descobrimos que graças à ela, foi possível nos comunicarmos através das telas durante a pandemia. Sem elas, “estaríamos sozinhos em nossas casas e em nossos estúdios”.

O tecladista ressaltou que os artistas que vivem de apresentações ao vivo, agora precisam se comunicar com o público virtualmente. Isso os torna “mais conscientes” de seu valor e da necessidade dos músicos encontrarem uma maneira de monetizar seu trabalho pela Internet.

Além disso, ele considerou que agora “quase todos estão mais conscientes” de que músicos e criadores devem ser “respeitados”, porque sem eles o mundo seria “tremendamente sombrio e triste”.

Também valorizou a importância dos direitos autorais como um “ponto de partida” para valorizar o trabalho de músicos e criadores e a necessidade de parar de pensar que a única maneira de “sobreviver” no mundo da música é “estando em cima de um palco”.

Fonte: Lavanguardia.com

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