A agenda de Jean Michel Jarre este ano, mesmo sem turnês ou concertos (lembrando que o concerto para os 50 anos da chegada do homem a lua no Starmus 2019, foi cancelado) tem sido bastante cheia. Jarre tem participado, muitas vezes com a atual esposa, a atriz chinesa, Gong Li, de vários eventos ao longo do ano. Recém chegado do Japão e Los Angeles, Jarre retornou a Cannes, agora para um novo festival, que é realizado desde 1954, o Cannes Lions – Festival Internacional de Criatividade, e se tornou o mais importante prêmio da publicidade mundial. Desde 2018, o Cannes Lions, tem passado para uma reformulação com a redução da duração de oito para cinco dias, com o objetivo de consolidar o formato, que dividiu conteúdos e premiações em linhas temáticas. O Cannes Lions sempre deixa lições valiosas sobre o futuro do mercado, tendências, novidades, conhecimento. Mas uma parte fundamental do festival é o legado criativo, inspirador, que mostra que é possível ir além em muitos aspectos – como negócio, como solução de problemas sociais, como serviço público e muito mais.
Para a edição de 2019, realizada entre os dias 17 a 21 de Junho de 2019, na cidade francesa de Cannes, o musico francês Jean Michel Jarre, foi convidado para ser um dos palestrantes do evento, no dia 18/06, junto com Andrea Newman, Gerente Global de Marketing do HSBC, que estava patrocinando o evento. Na palestra denominada “A Journey into Sound”, eles falaram sobre sobre criar uma identidade sonora global que transcenda a linguagem e a cultura para expressar uma promessa universal de prosperidade à marca. Lembrando que no começo do ano, o conglomerado bancário HSBC, havia comissionado Jarre para criar vários jingles a serem usados em diferentes meios de transmissão como rádio, TV, agências bancárias e caixas eletrônicos, ao redor do mundo para 67 países diferentes (excluído o Brasil, pois ao banco saiu do nosso país em 2015, após vender suas operações para o Bradesco).
O evento contou com vários brasileiros, ligados a área de propaganda e marketing, inclusive o Jornal “O Estado de S.Paulo”, foi um dos representantes do Brasil. O jornal perguntou a várias personalidades brasileiras quais seriam os principais destaques deste festival. O co-presidente da F.biz, Fernand Alpen, que bebe na fonte da nostalgia, destacou a palestra do músico francês Jean-Michel Jarre, em um evento paralelo com patrocínio do HSBC, na quinta-feira, às 15h30. “Era louco por ele quando era adolescente”, lembra.
Jarre ainda foi entrevistado pelo site https://www.cbnews.fr, após sua palestra sobre o trabalho com o HSBC:
Conte-nos o que há de novo em seu trabalho com o HSBC:
Quando a MLA (My Love Affair, agência de entretenimento da marca) que me apresentou ao projeto, fiquei intrigado porque não se tratava apenas de fazer música de uma campanha publicitária, mas de pensar em uma identidade poderia soar. Então conheci as pessoas no HSBC e imediatamente entendemos o que elas queriam. Eles tinham uma nova identidade visual e queriam trazer uma nova mensagem. E nesse espírito eles queriam uma identidade sonora de 360° que pudesse ser aplicada a um jingle, bem como a um pedaço musical de 20 ou 30 minutos.
Eu me aproximei do assunto quanto a uma música de filme, o que não é o modo usual neste campo. Era uma questão de imaginar uma música que pode ser declinada em diferentes situações, em diferentes territórios. Eu tive que criar um tema e cores sonoras. Essa é a diferença com as pessoas que criam bibliotecas de sons, que fazem música a metro, de certa forma. Uma individualidade, ou um artista, abordará um projeto com sua subjetividade, a priori e, portanto, com um som instantaneamente reconhecível. Este é o objetivo em um mundo onde somos bombardeados com sons e imagens. Então a pergunta era: “O que é o som do HSBC?”
E qual é a resposta?
Fiquei tocado pelo fato de que não foi definida apenas como uma entidade bancária, mas como uma sociedade com outras ambições, particularmente no campo da educação. O que também foi importante para mim é a conexão deles com a Ásia. Eu tenho uma história pessoal com a China desde que fui o primeiro músico ocidental a tocá-lo nos dias de Mao. Voltei em um cenário excepcional porque eu era o único artista a tocar tanto na Cidade Proibida quanto na Praça Tien an Men. O tema tinha que ser ocidental e asiático. Também teve que ser tocado também em um estádio em um estilo mais eletro, do que de um modo mais orquestral ou com um tom mais asiático, precisamente, sem cair no folclore. É por isso que eu pensei nisso como uma música de filme com cenas e cenários diferentes. Essa abordagem também me permitiu resolver o problema dos aeroportos em que você pode entrar em contato com a música por muito tempo. Se você colocar um loop, rapidamente se tornará insuportável. É por isso que desenvolvi um tema que se estende, quase escondido para permitir a escuta ao longo do tempo.
Os responsáveis pelo HSBC tinham uma expectativa particular? Requisitos?
Não em todos. Ele tinha apenas uma vaga ideia do que eles queriam. Eles simplesmente sabiam que tinha que haver coerência com o novo logotipo e identidade de marca criados pela Saatchi & Saatchi. O que também foi importante é que a música ilustra a nova assinatura, “Together we thrive”, que alude a uma palavra chinesa que quer significa “prosperar no tempo”. É assim que o jingle leva o seu tempo. Em vez de ter um tema ultrarrápido, como fiz para a France Info, fiz o oposto. Todos os parâmetros dele me divertiram e me empurraram ainda mais.
Então você foi do jingle para a composição sinfônica, não passando pela música em espera?
A ideia é que ela seja adaptável a todas as situações. É complicado, mas o interessante é abordá-lo no nível melódico. É preciso um lado emocional, mas também épico. É por isso que é um exercício interessante.
No Cannes Lions, Jarre também participou como convidado do German Beach, que é um stand dedicado a delegação alemã. Jarre foi só sorriso com os alemães. E deu várias entrevistas destacando, ao Weischer.media : “Há tantas revoluções tecnológicas fantásticas. Mas ainda estamos em andamento!”
Aproveitando a presença de Jarre no evento, o canal Multishow da Globosat, entrevistou o músico com exclusividade para o Brasil:
Fontes: O Estado de S.Paulo / Agências Internacionais / Jean Michel Jarre
Agradecimentos: Leo Jammal (canal JarreTubeBR) e Raphael Romero Barbosa (tradução e legendas)
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