Talvez um dos mais fantásticos cenários high-tech do mundo, com um skyline futurístico maravilhoso, a capital japonesa Tóquio, quase viu um megaconcerto de Jean Michel Jarre acontecer por lá em meados dos anos 1980, nos mesmos moldes de Houston (1986) ou La Defense (1990).
O sonho de tocar no Japão é antigo. A primeira performance de Jean Michel Jarre ao vivo (o concerto na Place de la Concorde em Paris, no ano de 1979) foi transmitido pela TV para toda Europa e algumas partes do mundo como o Japão. Uma grande surpresa para a produtora Dreyfus e o próprio artista, foi receber uma ligação direta de lá no dia seguinte, pedindo um show nos mesmos moldes que aquele na capital japonesa devido à grande audiência do show no país dos samurais. Jarre chegou a sonhar com isto, mas preferiu ser “o primeiro músico ocidental a tocar na China” algum tempo depois, o que foi visto por parte dos japoneses (inimigos seculares dos chineses), como um certo esnobismo do músico.
Jarre teria que esperar quase uma década para fazer uma nova tentativa. Uma nova oportunidade surgiu para a divulgação do álbum Revolutions (1988). Jarre planejou dois concertos para conquistar novos mercados fonográficos: um em Londres e outro em Tóquio. Ele escolheu a Revolução Industrial para ser tema do álbum e duas músicas de Revolutions foram batizadas de “London Kid” e “Tokyo Kid”, como links para os prometidos concertos. Como se sabe, o concerto de Londres, intitulado Destination Docklands, quase chegou a ser cancelado por problemas de segurança. No final acabou acontecendo após um adiamento de 24 de setembro para 8 e 9 de outubro de 1988 debaixo de muita chuva.
Quanto ao concerto em Tóquio, por volta de julho de 1987, uma carta de intenções e convite de show foi enviada pelo então prefeito de Paris, Jacques Chirac para o governo japonês propondo um grande espetáculo de luz, som, cores e imagens na capital japonesa em retribuição às relações bilaterais entre Japão e França.
Mark Fisher, o designer de palco da turnê chinesa de 1981, foi novamente convidado para desenhar o palco principal e o famoso quadrinista europeu Enki Bilal, também foi convidado para ajudar na parte visual. Bilal tinha uma ideia original de fazer um androide-baterista que iria tocar 12 horas sem parar, além de vários robôs que invadiriam o cenário durante a apresentação. O concerto começou a ser planejado para acontecer em 1988, mas devido ao concerto de Londres e seus percalços, acabou adiado para meados de 1989. Infelizmente, em janeiro daquele ano, o Imperador do Japão, Hiroito faleceu e todas e quaisquer festividades para 1989 foram canceladas.
Jarre só foi tocar no Japão mais de uma década depois, através de uma associação com o músico/produtor japonês TK. Ambos fizeram pequenas apresentações do single “Together Now” junto com a cantora japonesa Olivia em Tóquio. E finalmente um concerto em Okinawa, no dia 1º de Janeiro de 2001, também com TK, através do projeto The ViZitors. Mas nada comparado ao que ele tinha planejado para 1989.
Fontes: “Globetrotter Magazine” Ed.21 – (publicado em 1998) \ AEROZONE FORUM \ gracias JORGE LANDEIRA (Espanha) documentação \ Mark Fisher – fotos
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