A empresa VRrOOm anunciou no dia 31 de maio, as suas ambições para os próximos meses. Depois de ter criado programas de Realidade Virtual com várias empresas e artistas, incluindo Jean-Michel Jarre, o CEO e fundador da empresa Louis Cacciuttolo, pretende abrir a plataforma a todos os artistas até o final do ano.
A apresentação aconteceu no centenário Palais des Mirages do Museu Grévin, com uma animação de som e luz para lembrar que “todas as tecnologias de hoje, deve-se à eletricidade das fadas”, diz Cacciuttolo. Ao seu lado, Jean-Michel Jarre, cujos os últimos concertos, aconteceram nos corações de universos virtuais: na catedral de Notre-Dame recriada (e reparada) para o Réveillon de 2021, e uma cidade imaginária chamada “Oxyville” para acompanhar o projeto Oxymore – apresentado no início do ano na Maison de la Radio, e que será lançado em sua versão final no segundo semestre.
“Todos os dias, dezenas de milhares de pessoas não têm acesso a espetáculos – portanto, dezenas de milhões de euros são perdidos na indústria cultural”, explica Louis Cacciuttolo, cuja plataforma VRrOOm pretende ser tanto uma plataforma de criação, como de distribuição e monetização. O objetivo da empresa é lançar as bases para o que eles estão chamando de ‘YouTube do Metaverso’ até o final do ano. “Para isso, devemos dar ferramentas aos criadores”, explica Jean-Michel Jarre: “Graças à tecnologia, conseguimos fazer música do nosso quarto. Em breve poderemos fazer o mesmo para criar concertos ou exposições.”
“O UNIVERSO VIRTUAL QUE JARRE SEMPRE SONHOU”
E como são esses shows em VR? “São espaços virtuais em que cada participante é encarnado por um avatar, que pode se movimentar livremente no espaço, em frente ao palco (ou ao redor), em um cenário criado pelo artista para a ocasião e sem qualquer restrição de espaço ou tempo. Jean-Michel Jarre, conhecido pelos seus concertos gigantes, diz que a Realidade Virtual permitiu-lhe criar o universo virtual com que sempre sonhou, onde o público pode voar no meio da sala, onde se pode ir além das duas (às vezes três) dimensões de um palco de show usual. Assim como no YouTube você tem artistas que criam conteúdo, conosco haverá ‘VRrOOmers’, que não terão limites para criar os mundos que sonham”, afirma Louis Cacciuttolo. “Ainda não sabemos como serão essas ferramentas, o que deve permitir que cada um crie seu próprio espaço no Metaverso, mas prometemos que não vai exigir mais do que um PC (e possivelmente um headset de Realidade Virtual) e funcionará em um modelo de assinatura, como o Adobe, ou em uma versão semi-gratuita, onde neste caso, a plataforma receberá parte da receita do conteúdo criado”.
“NÃO VAMOS DEIXAR A VR ESCAPAR PARA AS MÃOS DOS ESTADOS UNIDOS”
A outra questão é a da transmissão: “Quando fizemos o show em Notre-Dame, tivemos que pagar para estar em uma plataforma americana, a VRChat “, diz Jean-Michel Jarre, que destaca os problemas que isso pode representar em termos de independência: “Deixamos tudo escapar para os Estados Unidos na divulgação de vídeos. Não vamos deixar que a mesma coisa seja feita com a Realidade Virtual”, diz ele, pedindo vontade política. “Para desenvolver um Metaverso franco-europeu, precisamos de uma nuvem franco-europeia. E para isso, precisamos de decisões políticas.”
O interesse é obviamente financeiro, lembra Louis Cacciuttolo: “Em um show de dez minutos no Fortnite, o rapper americano Travis Scott gerou 20 milhões de dólares, enquanto que em sua turnê, ele ganhou 54 milhões de dólares em 56 datas”, acrescenta. Mas para Jean-Michel Jarre o desafio de desenvolver tal plataforma na França vai muito além: “Não é um gadget, não é apenas um universo de geeks, é algo que vai mudar nossas vidas da mesma forma que a eletricidade”, garante o músico. E ele garantiu que isso não será feito em detrimento dos ‘concertos reais’, pois o mesmo não aconteceu com o teatro quando o cinema surgiu no início do século XX.
“EM UM ANO SERÁ TARDE DEMAIS”
Mas além do desejo de criar um ‘YouTube do Metaverso’, como enfrentar os gigantes americanos, e em particular o Facebook, que apostam tudo nesses desenvolvimentos? “O tempo é o inimigo número 1. Em um ano será tarde demais. É uma questão de semanas, meses”, diz Jarre. Mas o outro fator, e obviamente os tendões da guerra, é o financeiro. “Precisamos de dinheiro, investidores”, observa Louis Cacciuttolo, que anunciou no dia 30 de maio, uma angariação de um milhão e meio de euros, e um orçamento total de 50 milhões de euros para lançar a plataforma no final do ano.
Por enquanto, o Metaverso ainda é um universo muito ligado aos headsets de Realidade Virtual que, embora sejam cada vez mais acessíveis, continuam sendo um mercado para um público específico. Assim, a primeira versão da plataforma VRrOOm será reservada para headsets com VR. Será necessário esperar até o ano que vem para que o dispositivo esteja disponível também para computadores de mesa na forma de videogames, e logo após, na forma de aplicativo para smartphones. “E a partir do próximo ano não usaremos mais óculos VR, mas óculos de Realidade Mista ou Aumentada que serão ainda mais leves e que abrirão todos os players deste mercado a um público maior”, conclui Louis Cacciuttolo.
Fonte: France Inter
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