JEAN-MICHEL JARRE DEFENDE A CENA MUSICAL NA ATUAL CRISE SANITÁRIA

Ex-presidente da Confederação Internacional das Sociedades de Autores e Compositores, signatário de um fórum convocando a mídia a dar prioridade à radiodifusão musical francesa, Jean-Michel Jarre fala em defender a cena musical na atual crise que estamos passando.

Reportagem da cadeia de radio cultural France Culture – França – 16/06/2020

LA GRANDE TABLE CULTURE por Olivia Gesbert

Foto: Jean-Michel Jarre In Concert em Berlim, 11 de julho de 2017 • Créditos: Stefan Hoederath – Getty

Jean-Michel Jarre, compositor de música eletrônica e pioneiro da exploração e popularização dos sons eletro é o nosso convidado. Ele vendeu mais de 85 milhões de álbuns durante sua carreira, que começou na década de 1970, e se destacou notavelmente por seus mega-concertos que reuniram milhões de pessoas. Seus álbuns principais?Oxygène (1976), Equinoxe (1978), Rendez-vous (1986), Métamorphoses (2000), Geometry of Love (2003), Electronica (2015), Equinoxe Infinity (2018)…

Faltando poucos dias para a Fête de la Musique, Jean-Michel Jarre anuncia com exclusividade para ‘La Grande Table’, um show virtual que organizará no dia 21 de junho em colaboração com o Ministério da Cultura. Para a ocasião, ele criou um universo virtual no qual entrará para fazer o concerto. Assim, enquanto ele toca de seu estúdio ao vivo, seu avatar vai tocar a música neste universo virtual. O primeiro na França.

“É principalmente um gesto artístico e musical. Mas também uma mensagem para as pessoas que durante três meses ao redor do mundo ouviram músicas, leram livros e assistiram filmes. E isso mostra que a cultura, e a música em particular, são bens essenciais.
(Jean-Michel Jarre)

“Estamos totalmente em experimentação. (…) É sempre sobre ser capaz de correr riscos e o que eu realmente gosto neste projeto é de finalmente poder lançar uma mensagem de resiliência. (…) Acho que hoje técnicas como Realidade Virtual são exatamente o que o cinema poderia ter sido para o teatro no final do século XIX.”
(Jean-Michel Jarre)

Jean-Michel Jarre é um dos 142 artistas e profissionais do mundo da cultura que assinaram a petição “Vamos todos nos comprometer com a #CenaFrancesa” publicado em 23 de maio no Journal du Dimanche. Os assinantes convocam a mídia a apoiar e dar prioridade à criação musical francesa durante este período.

“A França é, antes de tudo, um país de literatura e cinema, que tradicionalmente sempre protegeu autores e cinema muito mais do que a música. (…) Há toda uma parte da nossa expressão na França que precisa ser absolutamente reajustada no campo da educação, para levarmos o ensino da música a sério como é feito em todos os outros países.
(Jean-Michel Jarre)

Jean-Michel Jarre foi substituído no início de junho por Bjorn Ulvaeus (do grupo Abba) à frente da CISAC (Confederação Internacional das Sociedades de Autores e Compositores) após sete anos como presidente. Mas Jarre continua defendendo a criação musical e os artistas. Assim, ele está fazendo campanha para a introdução de concertos pagos online para permitir que os artistas tenham uma fonte de renda nesta crise que eles estão passando. Ele quer que a GAFA (Google, Apple, Facebook e Amazon) e as plataformas de stream sejam tributadas para que o dinheiro seja melhor redistribuído aos artistas. E ele tem a ideia do copyright eterno. Ao invés de cair no domínio público, os direitos das obras antigas cairiam em um contexto internacional que ajudaria jovens criadores.

Artistas não são ursos polares extintos, nós existimos antes da eletricidade. Nós vamos existir depois da Internet. Só teremos que saber como.
(Jean-Michel Jarre)

Hoje, mais do que nunca, não devemos esquecer nossas tendências punk. (…) Após a contenção é hora de agitar as coisas socialmente e economicamente. E a França tem uma grande carta para jogar.
(Jean-Michel Jarre)

Fonte: France Culture

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