JARRE FALA SOBRE A EXPOSIÇÃO DE CRIPTO ARTE E A TRANSMISSÃO DO CONCERTO DE NOTRE-DAME EM ÁUDIO BINAURAL

Inicialmente programado para o dia 16 de março, o segundo chat no Facebook de Jean-Michel Jarre, foi adiado em 24 horas, após um problema no wi-fi do prédio onde ele mora. Jean-Michel abriu uma conta na plataforma de streaming de jogos Twitch, que também transmitiu a live e continuará sendo usada no futuro. O amigo de longa data Joachim Garraud, que colaborou em vários projetos de Jarre, como no álbum Metamorphoses e no concerto do Egito, também participou da live.

Jean-Michel relatou sua participação no Festival South By Southwest (SXSW), que geralmente acontece em Austin (EUA), mas neste ano, por causa da pandemia, está acontecendo na forma de uma sala de exposições virtual, entre os dias 16 e 20 de março. Jean-Michel está envolvido em dois eventos: o primeiro foi a exibição do concerto virtual Welcome to the Other Side e o segundo é a abertura da sua primeira galeria de cripto arte. No entanto, para participar do festival completo é necessário pagar um ingresso (US$ 399,00).

 
 
 
 
 
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O concerto virtual “Welcome to the Other Side” foi transmitido pela rádio francesa “FIP” no dia 17 de março. A gravação de áudio “normal” do concerto foi transmitida na rádio e, ao mesmo tempo, a versão binaural foi transmitida no site da emissora. Ele mixou a versão binaural no estúdio da Radio France. “Com som binaural, pode-se mergulhar no que se ouve, mas ao contrário do 5.1, isso só funciona com fones de ouvido”, explicou Jean-Michel. Ele trabalhou na Radio France por três semanas produzindo as versões binaurais de Welcome to the Other Side e de Amazônia. O resultado é extraordinário e ele quer falar sobre isso com mais detalhes no próximo chat previsto para o dia 7 de abril.

Outro evento em conexão com o Festival SXSW é a abertura de uma galeria de cripto-arte. No momento só está aberto aos visitantes do festival, mas Jarre quer desenvolver isso ainda mais, e logo haverá uma galeria no seu site oficial jeanmicheljarre.com. Em exibição estão 19 imagens em preto e branco do concerto virtual “Welcome To The Other Side”, com dimensões de 3,5 x 2,5 m. Além disso, há três loops de vídeo exclusivos em preto e branco, para os quais ele compôs músicas inéditas para cada um deles. Ele chamou todo o projeto de Cryptopia (por um lado, por causa da conexão com uma cripta de catedral e, por outro, por causa da cripto arte). Ele quer desenvolver este novo mundo em um futuro próximo, começando com esses três loops de vídeo que serão leiloados em breve. Os nomes dos três loops são “The Encoders”, “Mother” e “Time Capsule”. Jarre ama a ideia de imagens em preto e branco, o que também é adequado na sua colaboração com o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, especialmente nesses tempos em que tudo é multicolorido.

Para aqueles que não estão familiarizados com o conceito de cripto arte, Jarre explicou: “Em suma, trata-se de criptografar a ideia de um original como uma pintura. Por exemplo, a diferença entre a Mona Lisa do Louvre e uma reprodução é a ideia do original.” Desde Music for Supermarkets, Jarre vem se interessando muito por essa ideia na música, pois em tempos de Internet, a música vale cada vez menos. Ele vem lutando há anos pelos direitos dos músicos e se sente muito privilegiado em ter sua carreira de sucesso e poder viver de seu trabalho. Mas há muitos jovens artistas que não podem e isso é injusto. E por causa da pandemia, os músicos não podem realizar shows e ganhar dinheiro com isso. Há também aqueles músicos que não sobem ao palco, trabalham como compositores ou letristas. Eles não estão podendo viver adequadamente da sua arte. A ideia de restaurar o valor da música é, portanto, muito importante e a cripto-arte pode ser uma solução para isso. Jean-Michel não está dizendo que é a solução, mas pelo menos está fazendo a pergunta: “Por que não dizer que alguém está vendendo sua obra original, como uma pintura?”. Isso poderia ajudar jovens artistas a ganhar a vida com seu trabalho. Jarre quer explorar esse caminho nos próximos meses e ver se algo positivo se desenvolve a partir dele. Ele está bem ciente de que também há preocupações ambientais e está muito preocupado com isso. A pegada de carbono de suas atividades nessa área será compensada por uma ONG chamada “Carbono 180” que, na sua opinião, oferece um dos melhores sistemas para compensar o impacto das atividades do homem sobre a natureza, a partir da quantidade de dióxido de carbono que elas emitem.

Quando Jarre ouviu falar pela primeira vez sobre a cripto-arte, ele pensou em “Music for Supermarkets”. Na época, ele levantou a questão de um “original” para a indústria musical quando o CD surgiu e a música foi vendida pela primeira vez no supermercado. Este foi o começo do fim das lojas de discos.

Jean-Michel ressaltou mais uma vez que as versões binaural e 5.1 de “Amazônia” estarão disponíveis para download. Quem comprar o LP ou o CD, receberá um código de download correspondente. Não será necessário aplicativos, simplesmente reproduzir o arquivo em um computador, tablet ou smartphone. Mas a coisa toda é bastante decepcionante quando se trata de alto-falantes, pois só funcionaria corretamente através de fones de ouvido.

Perguntado se ele gostaria de desenvolver um trabalho usando um sistema blockchain no futuro, Jean-Michel respondeu que este não é o caso. Ele quer continuar produzindo álbuns e fazendo shows da maneira tradicional e está basicamente interessado em novas tecnologias e quer explorá-las. Mas tudo também tem suas vantagens e desvantagens.

Quando questionado sobre os planos para um concerto em torno do Equinoxe Infinity, Jarre respondeu que não há planos concretos, mas que estava muito fascinado pelo impacto visual dos “Watchers”, um mundo utópico e distópico. Ele gostaria de desenvolver um conceito audiovisual em torno disso, talvez em Realidade Virtual ou também em cripto-arte. Ele pensa sobre isso e, portanto, é concebível que em breve haverá um trabalho sobre o “Equinoxe Infinity” de uma outra maneira.

Jean-Michel respondeu se tem planos para mais shows virtuais em locais como Londres, Itália ou Alemanha. Ele tem muitos projetos no mundo virtual, que ainda não pode revelar. O bom dos shows virtuais é que ele não precisa estar na Alemanha ou na Itália, mas pode estar na lua ou no fundo do mar, no Himalaia ou em qualquer outro lugar. Mas se ele pudesse realmente fazer uma turnê novamente, certamente não seria o mesmo para ele por causa de seus experimentos em Realidade Virtual. Seu sonho seria misturar um show “real” com “Realidade Aumentada” (integração de elementos ou informações virtuais com elementos do mundo real através de câmeras).

Jean-Michel também disse que a versão binaural de “Welcome to the Other Side” ainda está disponível como um podcast após a transmissão na rádio FIP, e que está preparando um pacote especial que poderá ser lançado em junho.

O lançamento do álbum Amazônia no dia 7 de abril deveria coincidir com a abertura da Exposição de Sebastião Salgado em Paris e no Brasil. No entanto, todos os museus foram fechados novamente devido à pandemia. Por esse motivo, a exposição foi adiada por um mês (7 ou 10 de maio) e deverá ficar em exibição até o final de outubro ou início de novembro. A data de lançamento do álbum permanece inalterada (7 de abril para stream / download e 9 de abril nos formatos CD e vinil). A Exposição percorrerá o mundo por cinco anos, incluindo Londres, Tóquio, Nova York, Berlim, Espanha e Europa Oriental. Jean-Michel recomenda o documentário “O Sal da Terra” de Wim Wenders, para quem não conhece Sebastião Salgado. O documentário não tem nada a ver com a Amazônia, mas é um bom retrato do fotógrafo brasileiro.

Para o álbum “Amazônia”, ele usou e editou sons eletrônicos, orquestrais e orgânicos da natureza, bem como sons étnicos, cantos e linguagens dos povos ameríndios e amazônicos. Foi uma grande experiência compor com todos esses elementos diferentes.

Jean-Michel espera tocar ao vivo novamente e em breve sair em turnê. Estamos todos esperando o fim deste túnel escuro em que estamos todos presos. Ele esperava que algo fosse possível depois de setembro ou talvez até o final do ano. No entanto, provavelmente só será possível planejar com mais segurança em 2022. Como uma produção em grande escala significa ensaios, a segurança econômica é necessária para produzir um projeto, e tudo isso leva tempo. No momento ele tem a oportunidade de explorar o mundo em Realidade Virtual e realizar alguns projetos nesse sentido e espera para breve o momento de encontrar seus fãs “ao vivo” novamente.

Finalizando, Jean-Michel apresentou sua “irmã gêmea secreta” 😉 :

A próxima live será sobre o álbum “Amazônia” e está marcada para acontecer em 7 de abril.

Assista a live completa abaixo:

Fonte: Jean-Michel Jarre

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