O seu pai é um músico famoso e a sua mãe uma atriz igualmente famosa. Porém, ele optou pela magia. Em turnê com o seu primeiro espetáculo, ele realiza truques de ilusionismo e blefes com humor. Para o vosso prazer.
Em um café parisiense, ele se sentou na maior mesa com todo o seu material de ensaio: canetas hidrográficas, um isqueiro, fichas, dados e, claro, as cartas indispensáveis aos seus truques. Depois de um alegre olá e um sorriso igualmente agradável, ele embaralha as cartas e pergunta qual eu prefiro. “O Mapa da Ternura? Não sei”. Nunca pense que você é mais esperto que um ilusionista… Sua vocação é “encher-nos de espanto e tornar-nos mais leves”, por isso é aconselhável jogar o jogo. Por uma feliz coincidência, é que sua escolha, o três de copas, está precisamente representada no verso de seus cartões de visita, que anunciam muito sobriamente e em inglês: “David Jarre, Mágico”. Obviamente seu anfitrião não lhe dará nenhuma explicação, mas aqui estão as apresentações!
Desde que se lembra, David Jarre sempre quis se tornar um mágico. “Aos 10 anos, aprendi meus primeiros números. E aos 19, essa paixão me deu um pouco de independência”. Na época, esse ultramatemático havia acabado de se converter à filosofia, “outra forma de construção mental”, em Nanterre. Ele então frequentou a Universidade de Sorbonne, onde estudou literatura e cultura anglo-saxônicas, mas amava demais a vida de trovador para recusar os contratos que estavam se tornando cada vez mais numerosos.
De restaurantes na Riviera Francesa a festas privadas na capital, “David Jarre, Mágico” está fazendo seu nome. Isso não o impediu de se dedicar também à música, formando a dupla The Two, com Ara, pintora de profissão e filha do designer Philippe Starck. “Sou apaixonado pelo meu trabalho, mas naquela época senti a necessidade de pegar minha guitarra”. Apesar do sucesso, todos retornam aos seus primeiros amores, depois de um álbum e uma turnê.
Embora mantenha a alma de artista, David nega tê-la herdado de seus pais famosos, Jean-Michel Jarre e Charlotte Rampling. “Meu pai, um pouco mágico, apaixonado por invenções, criou muitos eventos, mas seu estúdio era em casa. Ele esteve muito presente. Quanto à minha mãe, ela às vezes nos deixava por duas ou três semanas para filmar, mas me lembro de uma vida familiar muito normal”. Atualmente, sentir-se deslocado e conhecer pessoas do outro lado do mundo, em países onde não se conhece nem a língua, é simplesmente um prazer. “Eu estava conversando sobre isso com minha mãe. Eu até sinto prazer real no desconforto”. Quem melhor para compreender a necessidade de vertigem do filho do que esta atriz britânica que vive na França e participou nos controversos filmes “O Porteiro da Noite” e “Max, Meu Amor”?
Atualmente em turnê com o espetáculo “Mosaic”, onde revela seu gosto pelo ecletismo (leia mais no Rápido & Rasteiro de outubro de 2024), David Jarre aborda o show como um equilibrista. Embora lotar locais como o Teatro Trianon em Paris seja um desafio (leia mais no Rápido & Rasteiro de dezembro de 2024), o especialista em mentalismo e outros truques de mágica sempre consegue não ensaiar o suficiente. “A perfeição tem menos vida. E o tenista não necessariamente perde uma partida por errar um backhand“.
Aos 47 anos, o homem que frequentemente aparece em programas de televisão como “C à vous” (no canal France 5 – leia mais no Rápido & Rasteiro de maio de 2024) ou “Vivement Dimanche” (no France 3 – leia mais no Rápido & Rasteiro de janeiro de 2023), já fez desaparecer os relógios dos presidentes Emmanuel Macron, Jacques Chirac, e até usou o do Rei Charles III, então príncipe de Gales, para um truque de mágica. “Foi no Palácio de St. James, na presença de Camilla, dos príncipes Harry e William e de toda a equipe do palácio. Uma honra para mim, mas o que aconteceu lá é o que acontece para cada uma das minhas apresentações”. O resultado foi o espanto, risos e uma grande admiração. Quando saímos do café, o artista pede a conta. Contra todas as probabilidades, você percebe que os garçons também participaram de pequenos truques de mágica: um ás de paus adivinhado num piscar de olhos; um sete de espadas apareceu como que por acaso… Todos eles mantêm um sorriso infantil. Eles quase pediram mais. Pena que David acabou de desaparecer…”
Fonte: Point de Vue
“Obrigado @pointdevue por este belo artigo ⚡️ Fico feliz em compartilhar com vocês algumas histórias sobre a inspiração que me levou ao espetáculo Mosaic e também diferentes momentos da minha jornada.”
📷 @rasmusmogensenlife
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