SPECIAL SUMMER LIVE TOUR: JARRE REALIZA CONCERTO COM FOGOS DE ARTIFÍCIO EM BRUXELAS

Posted By: Leonardo Prata Jammal 2 de julho de 2025

Evitando o formato linear de “melhores sucessos”, o pioneiro da eletrônica apresentou, no dia 1º de julho, em Bruxelas, uma performance inventiva tanto musical quanto visualmente, enquanto destacava suas fortes conexões com a Bélgica. O público, por sua vez, ficou encantado — olhos e ouvidos totalmente cativados.

Durante quase duas horas, Jean-Michel Jarre revisitou sua discografia no Brussels Palace Open Air, explorando nada menos que doze álbuns de estúdio diferentes na Place des Palais que recebeu a sua Special Summer Live Tour. Evitando a opção — fácil demais para ele — de um “best of” convencional, Jarre deu uma nova vida a alguns de seus clássicos. Um exemplo? Seu mega-hit Oxygene 4, que introduziu sua música instrumental em lares do mundo inteiro em dezembro de 1976, estava, claro, no setlist, mas com a versão techno moderna do grupo israelense de música eletrônica Astral Projection.

Jean-Michel Jarre no palco é som, um grande espetáculo, mas também mensagens sutis. Logo no início do show, o artista destacou os laços estreitos que o unem à Bélgica. “Desde que toquei no Atomium, sonhava em fazer um show em frente ao Palácio Real, nesta praça magnífica”, declarou ele após Magnetic Fields 1. Jarre também prestou homenagem aos pioneiros belgas da música eletrônica, aos autores de quadrinhos belgas e, de forma implícita, ao característico caldeirão surrealista que faz a fama do país.

Sem cair em uma busca por rejuvenescimento, Jarre pode ter surpreendido seus fãs mais antigos. Várias faixas tocadas, como Stardust, Zero Gravity, Exit e The Architect, todas extraídas de seus álbuns colaborativos Electronica 1 e Electronica 2, flertam com a pista de dança. Outros momentos revelam a melancolia épica herdada, em parte, de seu pai, o compositor de trilhas sonoras Maurice Jarre, várias vezes premiado com o Oscar, com quem ele teve uma relação conturbada.

Conforme a noite avançava e a penumbra tomava conta, o espetáculo se tornava ainda mais envolvente. Lasers, fogos de artifício, uma câmera imersiva permitia ver Jarre manipulando, como um mágico, seus sintetizadores e controles: foi um grande show. Para Jarre, as máquinas são benevolentes (Industrial Revolution 2), os robôs têm alma (Robots Don’t Cry) e até fantasias (Sex In The Machine). E o ser humano se sente ao mesmo tempo pequeno e respeitoso diante do meio ambiente (com trechos de Oxygene e Equinoxe).

Por fim, embora seja uma pena que ele não tenha destacado ainda mais a beleza das fachadas do Palácio Real, jamais esqueceremos o desfile em telões das criaturas criadas por Michel Granger em uma versão vibrante de Equinoxe 4, um dos momentos mais belos desta Festa Nacional antecipada.

Fonte : Moustique

Fotos: ©Benoit Bouchez
@benoitbouchez