
Deserted Palace, o primeiro LP gravado por Jean-Michel Jarre, será relançado em edição limitada nos formatos vinil e digital no dia 2 de maio pela gravadora francesa “Transversales Disques”, especializada no lançamento de fitas perdidas, gravações inéditas, reedição de discos raros e trilhas sonoras. A informação foi divulgada no dia 26 de março pela Transversales e pelo próprio Jean-Michel Jarre em suas respectivas redes sociais:
“A Transversales Disques orgulhosamente apresenta a primeira reedição oficial em LP de Deserted Palace, um álbum de estúdio escrito e tocado por Jarre em 1972 durante seu tempo no G.R.M. (Groupe de Recherches Musicales).
Em 1971, o produtor Francis Dreyfus foi contratado para criar paisagens sonoras para espaços públicos, como aeroportos e bibliotecas. Ele confiou o projeto a Jean-Michel, que havia assinado recentemente com a sua gravadora.
Este projeto experimental e minimalista de 15 faixas marca o início da jornada pioneira de Jean-Michel na música eletrônica e foi composto usando apenas dois sintetizadores: o EMS VCS3 e o órgão Farfisa.
Nas palavras de Jean-Michel: « Foi um álbum louco, totalmente caseiro, com ritmos que criei no meu quarto de estudante usando o mínimo de equipamentos.
Ao mesmo tempo, incorporei sons eletrônicos retirados do GRM quando eu entrava furtivamente nos estúdios à noite, tendo roubado as chaves. É um disco pirata em todos os sentidos da palavra, prenunciando o que eu criaria mais tarde ».”
É a primeira vez que o álbum será comercializado – já que o original foi destinado para servir de música ambiente para locais públicos, como aeroportos e bibliotecas – e também é a primeira vez que será relançado na íntegra. Em 2011, seis das quinze faixas do álbum foram lançadas na coletânea dupla Essentials & Rarities pela Sony Music. Apesar de nunca ter sido lançado oficialmente em CD, não há previsão para um lançamento do álbum nesse formato. Em setembro de 2023, a Transversales também relançou a trilha sonora do álbum Les Granges Brulées.


No final de 1976, com o majestoso Oxygene, o compositor francês Jean-Michel Jarre tornou-se o príncipe coroado da música eletrônica — salvador e astro do rock, tudo ao mesmo tempo. Repleto de ritmos exuberantes, texturas envolventes e melodias de sintetizador grudentas, o álbum rendeu fama internacional a Jarre e acabou vendendo cerca de 15 milhões de cópias. Quatro anos antes, Jarre era apenas um jovem ousado tentando encontrar seu caminho em um gênero que mal existia; recém-saído da adolescência, fazia parte do coletivo pioneiro de música eletrônica Groupe de Recherches Musicales (GRM), cofundado pelos lendários vanguardistas Pierre Schaeffer e Pierre Henry. No início dos anos 1970, Jarre já havia experimentado rock, música clássica, pop e experimentalismo radical, e seu primeiro álbum refletia tudo isso.
Quando Jarre criou Deserted Palace, o Kraftwerk ainda nem usava sintetizadores de verdade, e o Tangerine Dream produzia longas peças abstratas que evitavam tonalidade e ritmo. Armado apenas com um EMS VCS 3 (um dos primeiros sintetizadores britânicos) e um órgão Farfisa combo (aquele som gloriosamente “barato” presente em inúmeras gravações psicodélicas de garagem dos anos 1960), Jarre fez o que pode ser considerado um dos primeiros álbuns de synth pop. O problema é que o público nunca teve a chance de ouvi-lo.
Deserted Palace nunca foi feito para os ouvidos do grande público. Inicialmente, era um álbum de library music — trilhas sonoras genéricas feitas para serem licenciadas por produtoras de TV e cinema. Como tantas outras obras desse tipo, que só se tornaram itens de colecionador décadas depois, nunca foi vendido ao varejo, e a maioria das cópias provavelmente foi perdida ou descartada com o tempo. No início, provavelmente só foi ouvido por alguns supervisores musicais de estúdios de TV e cinema. E o mundo perdeu muita coisa: se Deserted Palace soa como o estagiário de um laboratório de eletrônica que foi deixado sozinho durante a noite e decidiu arranjar alguns amigos para festejar, é porque essa é praticamente a sua origem. Segundo Jarre, ele literalmente roubou as chaves do estúdio do GRM e entrou escondido à noite, criando seu primeiro LP completamente sozinho.
Diferente dos sons mais polidos pelos quais Jarre se tornaria famoso, Deserted Palace é cru, minimalista e, às vezes, encantadoramente bobo. Começa com o pulso ousadamente bleepado de “Poltergeist Party”, que encontra um meio-termo entre o tema de Dr. Who e os sons que o Human League produzia no final dos anos 1970, antes de migrar para o pop. Usando timbres básicos de sintetizador e órgão e arranjos simplificados, condizentes com a natureza improvisada da gravação, Jarre mistura riffs funkeados e efeitos sonoros de ficção científica (“Rain Forest Rap Session”), constrói o que poderia ser um tema de amor para androides (“Bridge of Promises”) e apresenta uma peça comovente que sugere sua formação clássica (a faixa-título).
Em certos momentos, faixas como “Iraqi Hitch Hiker” e “Synthetic Jungle” antecipam os primeiros sons que bandas como OMD e Depeche Mode começariam a produzir alguns anos depois. Se ao menos alguns desses artistas tivessem ouvido Deserted Palace nos anos 1970, o álbum talvez tivesse sido aclamado ao lado de Autobahn, do Kraftwerk, como um pilar do proto-synthpop setentista. Agora, com seu primeiro relançamento oficial mais de meio século após sua criação, finalmente tem a chance de conquistar o lugar que merece no panteão da música eletrônica.
Por: Jim Allen


Cinco faixas (Poltergeist Party, Bridge of Promises, Exasperated Frog, Take Me To Your Leader e Wind Swept Canyon) já estão disponíveis para quem fizer a pré-venda do formato digital (por streaming através do aplicativo gratuito do Bandcamp e também para download de alta qualidade nos formatos MP3 e FLAC), além do álbum completo no dia do lançamento.
EDIÇÃO LIMITADA
Áudio Restaurado & Remasterizado
Pré-venda: @bandcamp
Distribuição: @thepusherdistribution
Vinil: 23 euros
Download digital: 8 euros disponível em 24-bit/48khz.
TRACKLIST:
Lado A:
- Poltergeist Party – 2’10
- Music Box Concerto – 2’40
- Rain Forest Rap Session – 1’37
- A Love Theme For Gargoyles – 1’10
- Bridge Of Promises – 3’15
- Exasperated Frog – 0’45
- Take Me To Your Leader – 1’56
- Deserted Palace – 2’10
- Pogo Rock – 1’05
Lado B:
- Wind Swept Canyon – 8’00
- The Abominable Snowman – 0’55
- Iraqi Hitch-Hiker – 2’24
- Free Floating Anxiety – 2’15
- Synthetic Jungle – 1’35
- Bee Factory – 0’55
Produção executiva da reedição:
Sébastien Rosat & Jonathan Fitoussi.
Masterização:
Benjamin Joubert.
Grafismo adicional:
Jean-Philippe Talaga.
© 1972 BMG Rights Management (França) SARL, uma divisão Francis Dreyfus Music, sob licença não exclusiva da Transversales Disques.
© 1972, 2025 BMG Rights Management (França) SARL, uma divisão Francis Dreyfus Music, sob licença não exclusiva da Transversales Disques.
Fontes: Jean-Michel Jarre|Bandcamp
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