ROMAIN PISSENEM, PRODUTOR DA CERIMÔNIA DE ENCERRAMENTO DOS JOGOS PARALÍMPICOS: “UMA COMUNHÃO ATRAVÉS DA MÚSICA E DA CELEBRAÇÃO”

O Produtor Romain Pissenem © Rafael Deprost

Romain Pissenem, produtor do show da Cerimônia de Encerramento dos Jogos Paralímpicos, domingo à noite no Stade de France, quer convidar o público e os telespectadores para uma grande festa ao som da música eletrônica francesa.

04/09/2024 | Por: Rachel Pretti

Atrás de um monitor, em seu escritório em Londres, Romain Pissenem (46 anos) tem o sorriso de uma criança que acaba de encontrar o “Smurf Olímpico, um pouco mastigado pelo meu cachorro”, que guarda desde jovem.

No dia seguinte à Cerimônia de Abertura na Place de la Concorde, o produtor da turnê mundial de David Guetta, rei das noites de Ibiza com o irmão Yann e fã de boxe, admitiu estar um pouco nervoso. Mas está pronto para enfrentar o desafio dos Jogos de Paris 2024, transformando o Stade de France na maior “pista de dança” já imaginada, a partir das 21h45min (16h45min de Brasília), para uma cerimônia que terá início às 20h30min (15h30min de Brasília) no domingo, 8 de setembro.

Quando você foi contatado e quem ligou para você?

“Foi Thierry Reboul [diretor criativo] em 2019, quando a França organizou a entrega dos Jogos de Tóquio. Nos conhecemos e começamos a conversar sobre música eletrônica e outras coisas. Obviamente, com a Covid, mudou muito os planos. E então ele me ligou de volta no início do ano para me dizer o que poderíamos fazer em relação à música eletrônica. Ele tinha essa ideia do que chamamos de ‘back to back’, ou seja, quando um artista toca uma peça, outro responde, como uma passagem de bastão já que estamos nos Jogos Paralímpicos.”

Como foi a ideia inicial?

Isto vai parecer um pouco clichê, mas no meu escritório em Londres tenho vários livros, incluindo “Paris est une fête”. Aproveitei o título de Hemingway e disse para mim mesmo que é ótimo encerrar os Jogos de Paris 2024 com uma grande festa. Quer mensagem mais bonita do que reunir as pessoas e ver, sem conotação religiosa, esta comunhão através da música e da celebração? Venho do teatro e passei a vida contando uma história acrescentando o grande espetáculo festivo, o lado do concerto, que é o que a música eletrônica permite hoje, que se tornou uma indústria muito grande. O pioneiro dos grandes shows eletrônicos é Jean-Michel Jarre e quando o contatei para fazer parte deste projeto, ele ficou imediatamente entusiasmado.

Ele disse sim imediatamente?

“Sim, ele queria fazer parte do projeto. Tinha muitas ideias e ainda hoje falamos três ou quatro vezes por dia!”

24 artistas é um piscar de olhos?

“É simbólico. O importante para mim foi oferecer diferentes estilos de música, com artistas como Cassius, Kavinsky, que realmente representam todo o French Touch [movimento que expandiu a nova música eletrônica francesa para o mundo], como Alan Braxe, etc. Podendo também apresentar artistas de um gênero musical muito energético como Kiddy Smile, Busy P ou mesmo rave music, techno, Agoria… E poder relacionar tudo isso com artistas da geração mais jovem como Kungs ou Martin Solveig. Achamos super interessante contar a história da música eletrônica. Infelizmente, alguns tiveram problemas de agendamento, como David Guetta, com quem trabalho o ano todo.”

No entanto, ele reclamou de não ter sido contatado…

“Sem repetir a polêmica, disse que não foi contactado por Thomas [Jolly, diretor artístico das cerimônias] para a Cerimônia de Abertura. Domingo à noite ele toca na Alemanha. O mesmo acontece com Bob Sinclar que está nos Estados Unidos, Laurent Garnier num festival em Marrakech, são todos artistas que contactamos. A música eletrônica é uma incrível herança francesa. É espantoso como a nossa cultura da música eletrônica tem repercussões em todo o mundo e, com a aproximação dos Jogos de Paris 2024, tivemos de refletir a imagem da França. Quando anunciamos Jean-Michel Jarre, recebemos mensagens de todo o mundo.”

Você escolheu as músicas deles?

“Foi uma colaboração de todos e de Victor Le Masne [diretor musical de Paris 2024] com quem trabalhamos muito bem. Foi ele quem conversou com os artistas e escolheu as músicas. Alguns são óbvios como Kungs, que foi convidado a tocar seus grandes sucessos. Agradeço aos artistas porque todos sabem que um artista que faz um grande sucesso também quer se afastar um pouco dele. Vamos criar uma espécie de onda que nos levará durante uma hora, de Jean-Michel Jarre ao French Touch. Meu trabalho é colocar essa onda em imagens e levar as pessoas em uma jornada, atraí-las para esta celebração.”

Com a ajuda de luzes, telas gigantes?

“Preferi basear o show principalmente na iluminação do que em vídeos porque com o mesmo sistema de iluminação podemos transmitir toneladas de emoção e muitos gêneros musicais diferentes.”

Como você integrou a questão da deficiência física?

“Quero ser capaz de reunir todos. Para mim, inclusão e integração, significam criar uma festa onde todos possam dançar juntos, qualquer que seja a sua deficiência ou a sua origem. Durante esta cerimônia, a ideia é esquecer todas essas diferenças e colocar toda essa gente para dançar em uníssono.”

Um pouco de pressão depois das três cerimônias?

“Sim, tenho medo do palco todos os dias, toda vez que quero ir bem, é importante. Vou me preocupar com o dia em que não sentirei mais pressão.”

Fonte: L’Équipe

No dia 5 de setembro, Jarre postou em suas redes sociais:

“Entrevista coletiva para a imprensa em Paris esta manhã com Martin Solveig, Kittin, Tatyana Jane, Victor le Masne, Tony Estanguet e Romain Pissenem. Estamos ansiosos pela Cerimônia de Encerramento dos Jogos de Paris 2024 neste domingo!”

© Dure Vie

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