Como novo presidente da CISAC, o músico francês Jean Michel Jarre já começa a mostrar sua força de opinião ao fazer coro junto ao Governo da França, que condenou declarações do atual Presidente da Comissão Européia, o português José Manuel Barroso. Ele esteve no Ministério da Cultura em Paris, França, no discurso da Ministra Aurélie Filippetti, dando uma resposta as palavras de Barroso.
Barroso criticou duramente na segunda-feira, dia 17/06 a posição da França de excluir o setor audiovisual do mandato de negociação comercial da União Européia (UE) com os Estados Unidos e chamou a atitude de “reacionária“.
“Faz parte deste programa antiglobalização que considero totalmente reacionário”, disse Barroso em uma entrevista ao jornal International Herald Tribune.
O presidente da Comissão afirmou que é favorável à proteção da diversidade cultural, mas sem impor um cordão ao redor da Europa.
“Alguns dizem que são de esquerda, mas no final das contas são extremamente reacionários“, disse.
Para ele, os defensores da exceção cultural “não entendem os benefícios que a globalização proporciona, inclusive do ponto de vista cultural, para ampliar nossas perspectivas e ter o sentimento de pertencer à mesma humanidade“, afirmou.
Os ministros do Comércio dos 27 países da UE alcançaram na sexta-feira, após 13 horas de negociações, um acordo para negociar um tratado de livre comércio (TLC) com os Estados Unidos e deram um mandato à Comissão para iniciar as conversações.
Para obter a unanimidade aceitaram, como exigia a França, excluir completamente o setor audiovisual das negociações.
Imediatamente as declarações do Sr.Barroso, a Ministra da Cultura francesa, Aurélie Filippetti, junto com vários artistas franceses se mostraram “consternados” e “indignados” com as palavras de Barroso.
Entrevistado no Ministério da Cultura, Jarre, falando como Presidente do CISAC, mostrou seu posicionamento com o Governo francês: “Ele (Barroso) é um reacionário. Sempre finalmente tentamos querer desafiar e enfraquecer a cultura, especialmente em termos econômicos”
“É a cultura que é excepcional, razão pela qual não deve ser incluída em negociações”, acrescentou. De acordo com Jarre, “os olhos de todo o mundo estão contra França agora. A cultura é tão importante quanto os outros setores da economia da UE, onde é responsável por 3,3 por cento do PIB. É importante para manter o financiamento que está reservado para produção e distribuição cinematográfica européia.”
Outros que se mostraram contra o Presidente da Comissão Européia foram o CEO da SACEM, Jean-Noël Tronc: “Sentimos agora que há um problema com a Comissão Européia, que está travando uma luta quase antidemocrática” e Karel De Gucht da Sociedade Francesa de Autores e Compositores Dramáticos (SACD) que se disse: “chocado” com as afirmações de Barroso.
Em entrevista a rádio francesa RTL, no dia 18/06, Jarre disse que o Presidente da Comissão Européia precisa de umas boas palmadas !
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“Não é tão ruim, porque eu acho que o Sr. Barroso é um acidente da história e vamos continuar a ouvir Pink Floyd , Gainsbourg ou assistir Almodóvar , Costa Gavras ou Wim Wenders (diretor alemão) quando já não mais nos lembrarmos de seu nome”, disse Jarre. “Eu acho que o Sr. Barroso não é mais uma criança e ele merecia umas boas palmadas !”
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