Em agosto, aproveitando uma visita promocional a Limoges, na França, para conhecer a arena Zenith e promover o show do dia 14 de Outubro, o músico francês Jean Michel Jarre foi entrevistado pelo site local Moville.com. Entre os pontos mais importantes da entrevista, destacamos :
SOB QUAIS CIRCUNSTÂNCIAS VOCÊ CONHECEU PIERRE SCHAEFFER E COMO ELE SE TORNOU IMPORTANTE PARA SUA VOCAÇÃO?
Eu tocava em uma banda de rock, e o baterista, cujo pai, trabalhava no GRM, me apresentou a Pierre Schaeffer. Eu senti amor. Eu tinha uma aproximação diferente da música. Ele via a música não em termos de notas ou teorias musicais, mas em termos de som. Isto era novo para mim. Schaeffer reinventou tudo. Os DJs de hoje copiam ele em tudo. A musica atual se baseia em princípios que ele estabeleceu.
VOCÊ É CRITICADO POR SUAS MEGALOMANIAS. O QUE VOCÊ TEM A DIZER SOBRE ISTO ?
Os concertos que eu faço no exterior são feitos como me pedem. Como as pessoas podem imaginar eu em uma amanhã, acordo e como uma criança mimada que decide investir na Cidade Proibida de Pequim, um dos lugares mais impenetráveis do mundo? E francamente, o que é mais megalomaníaco? Quem fica sozinho com uma guitarra em frente a 2 mil pessoas ou que é apenas um elemento entre outros no meio de um cenário que envolve muitas pessoas?
VOCÊ É UM ARISTA ENGAJADO. FOI SUA MÃE, EX-MEMBRO DA RESISTÊNCIA FRANCESA, QUE DEU A VOCÊ ESTE GOSTO PARA O COMBATE?
Minha mãe me deu um quadro, uma moral, e me ensinou a não ser um resistente de última hora. Quando a UNESCO me convidou para ser embaixador para o meio ambiente e a educação eu aceitei. Existem causas oportunistas que me irritam. Nunca me senti a vontade com negócio-caridade. Em termos de meio ambiente, eu fico chateado com estes ambientalistas que sentem culpa nas pessoas. Eu não espero uma “onda verde” para me juntar. Eu acredito que através da Educação, as pessoas podem pensar sobre o futuro do planeta e lutar contra o extremismo. Existem 1,5 milhões de pessoas analfabetas hoje no mundo, isto é poluição real! Mas eu não sou este tipo de artista que querem transformar a cena em um fórum político e vivem jogando tênis e viajando em seus jatinhos particulares.
QUAL É O SEU RELACIONAMENTO COM O TEMPO?
Este ano eu perdi meu pai e minha mãe. Eu penso mais no tempo que passou, mas também que permanece.
VOCÊ NÃO CONSIDEROU EM FAZER UM TRABALHO POSTUMO OU ADAPTADO?
Não! Eu admiro meu pai musicalmente, mas eu não quero isto. Humanamente, coisas poderão ser feitas. O balanço no nível emocional não é terrível, isto não é viável.
fonte: MOVILLE.COM – Limoges – França
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