A ‘OPERA TOTALE’ DE JEAN-MICHEL JARRE NA ITÁLIA

12/04/205 – Por: Riccardo Petito | Fotos: © Francesco Prandoni/Getty Images

De Oxygene a “Oxyville”, ou seja, do seu primeiro sucesso monumental de 1976 (mais de 18 milhões de cópias vendidas no mundo todo, o álbum mais vendido da França). ao universo virtual concebido por ele, entrelaçado com arte e Inteligência Artificial — esse é o fio condutor da próxima passagem de Jean-Michel Jarre pela Itália.

No dia 11 de abril, Jean-Michel esteve em Milão para apresentar seus projetos no MEET, o Centro de Cultura Digital (leia mais no Update – 08/04/2025). Além dos dois concertos em Veneza e Pompeia, haverá uma exposição intitulada “Promptitude”, que acontecerá de 12 de junho a 7 de setembro, onde a relação entre o “prompt”, ou seja, a “instrução” para uma IA, e sua poesia inerente será explorada. O resultado visual resultante é examinado e o controle que um artista pode exercer sobre a IA é demonstrado. É uma exposição de obras visuais de Jarre, criadas com a ajuda de IA, que falam da relação entre homem e máquina.

Jarre também estará representado na Bienal de Arquitetura de Veneza, de 10 de maio a 23 de novembro de 2025, com a instalação “Oxyville”, criada com a coordenação artística do MEET e sua fundadora Maria Grazia Mattei. Trata-se de uma experiência sonora espacializada em 360°, projetada em relação ao espaço arquitetônico — matéria-prima para a criação de uma cidade imaginária. No encerramento da Bienal, acontecerá uma finissage (encerramento de uma exposição de arte, que pode incluir performances, conversas com artistas, e outras intervenções) de “Oxyville”, na qual artistas e usuários poderão se expressar igualmente.

Tanto as exposições quanto os concertos na Itália fazem parte de um projeto artístico geral sob o título de “Opera Totale”, uma espécie de “obra de arte total”. Tudo deve estar conectado por um conceito inovador: experimentar o analógico e o digital para uma experiência imersiva inesquecível.

O concerto na Piazza San Marco é organizado pela associação cultural “Veneto Jazz”, como parte do “Veneto Jazz Festival”, um renomado evento musical realizado na região de Vêneto, destacando-se pela promoção de renomados artistas de jazz e talentos emergentes. O festival abrange diversas cidades e locais históricos, oferecendo uma programação rica e diversificada. Em Veneza, Jarre promete criar um evento especial, como tem feito em locais emblemáticos por onde passou: nas Pirâmides de Gizé no Egito, no Deserto do Saara, na China (onde, em 1981, foi o primeiro artista ocidental convidado a se apresentar em Pequim e Xangai), sem contar os concertos históricos em Paris, Houston e Moscou, onde quebrou recordes mundiais de público.

Como será a sua primeira apresentação em Veneza?

“Veneza é uma inspiração de longa data — basta pensar na música de Vivaldi ou no cinema de Visconti. A tradição artística da cidade é vastíssima; tocar na Piazza San Marco é, para mim, a realização de um sonho. Como sempre, minha performance será pensada para o espaço onde acontece. A música está intimamente ligada à arquitetura — se eu não fosse músico, seria arquiteto. E celebraremos a Piazza San Marco, que já foi tão inovadora e revolucionária em sua concepção, com algo igualmente inovador: som imersivo e Inteligência Artificial. Ao mesmo tempo, faremos uma homenagem ao romantismo que sempre definiu a cidade — olhando também para o futuro. Não podemos esquecer que, se Vivaldi estivesse vivo hoje… ele seria membro do Metallica!”

Você participará da próxima Bienal de Arquitetura com uma instalação chamada “Oxyville”. Do que se trata?

“Sempre acompanhei as propostas da Bienal e admiro o trabalho de Carlo Ratti, curador da edição deste ano. Criei um projeto que faz ponte entre música e arquitetura, que compartilham dois elementos fundamentais: espaço e tempo. ‘Oxyville’ convida o visitante a fechar os olhos e imaginar qual seria sua cidade ideal — um imaginário a ser construído. Ao final da experiência, os visitantes poderão deixar um comentário por meio de um QR Code, e a Inteligência Artificial devolverá uma imagem baseada nessas impressões.”

Sobre o concerto na Piazza San Marco, pode nos adiantar algo sobre o cenário e o repertório?

“Será um concerto ‘à medida’ da cidade. Usaremos conteúdos gerados com Inteligência Artificial, imagens 3D e cenografia imersiva. Quanto às músicas, além de sucessos consagrados, haverá faixas inéditas. Será um setlist totalmente novo, pensado exclusivamente para Veneza. Não farei homenagens específicas, pois toda a minha música é, por si só, uma homenagem às raízes da música eletrônica — que não nasceu nos Estados Unidos, mas sim na Europa, e precisamente na Itália. Podemos dizer que tudo começou com Luigi Russolo e sua concepção da Arte dos Ruídos.”

Por fim: assim como o Pink Floyd, você também vai se apresentar em Veneza e três dias depois, em Pompeia…

“Sempre tive uma certa inveja deles por terem tocado em Veneza — foram sortudos. Mas agora chegou minha vez, e terei minha revanche: também vou tocar lá.”

Fonte: Il Gazzettino

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