
No fim de semana anterior às reuniões de IA, Jean-Michel Jarre compartilhou seus pensamentos sobre o impacto da Inteligência Artificial (IA) na criação, durante uma conferência no Conciergerie (vestígio principal do antigo Palácio da Cidade que foi residência e sede do poder real francês do século X ao século XIV) em Paris. O artista considera a IA como uma revolução comparável à invenção da impressão, transformando profundamente o processo criativo e oferecendo oportunidades excepcionais. Para Jean-Michel Jarre, a IA é uma musa moderna que amplia consideravelmente o horizonte artístico.
“BIG DATA” PESSOAL
Jean-Michel Jarre está atualmente trabalhando em uma instalação para a bienal de arquitetura de Veneza e no desenvolvimento de uma IA pessoal, baseada em sua própria música, abrindo assim novas perspectivas criativas. Apesar da ascensão da IA, a criatividade humana continua essencial. Jean-Michel Jarre descreve a criação como um complexo processo onde o subconsciente se baseia em “big data” pessoais, ou seja, todas as nossas experiências, nossa cultura e nossas memórias.
Segundo Jean-Michel Jarre, os artistas constantemente “saqueiam” seu próprio ambiente para alimentar suas artes. A IA, nesta visão, oferece acesso sem precedentes a um vasto reservatório de conhecimento, comparável à descoberta de uma enorme biblioteca onde a curadoria (do próprio universo) se torna uma arte em si.

CONTROLE, LIMITAÇÕES E O PAPEL CRUCIAL DO PROMPT
A IA abre novas perspectivas para colaboração ao mesmo tempo que permite que artistas exerçam controle preciso sobre sua criação. As limitações e “falhas” da IA, longe de serem obstáculos, podem se tornar uma fonte de inspiração essencial. O prompt, essa instrução dada à IA, desempenha um papel crucial, permitindo que o artista direcione a criação na direção desejada. Segundo Jean-Michel Jarre, “assim se estabelece uma aprendizagem mútua entre o artista e a IA”.
Em preparação para o seu outro projeto, uma exposição chamada “Promptitude” a ser realizada em Milão, na Itália, entre os meses de junho, julho e agosto, Jean-Michel Jarre explora profundamente a relação entre o Prompt e sua poesia intrínseca. Ele examina o resultado visual obtido, demonstrando o controle que o artista pode exercer sobre a IA: “Eu afirmo que o que eu fiz é algo totalmente de minha criação, porque pouco a pouco eu consegui ‘enganar a máquina’ para obter o resultado desejado.”
Para Jean-Michel Jarre, a criação é uma miragem eterna, uma busca constante (na forma de uma série de iterações) para chegar mais perto de uma ideia. Ele ressalta que grandes artistas como Stanley Kubrick, Goya, Michel Houellebecq ou Pink Floyd exploraram temas semelhantes ao longo de suas carreiras, desenvolvendo um estilo único.
SOBERANIA TECNOLÓGICA E ÉTICA.
Conclusão: Jean-Michel Jarre destaca a necessidade dos franceses e europeus desenvolverem seus próprios sistemas de IA, ágeis e baseados em modelos de código aberto. Ele também destaca a importância de desenvolver sistemas de IA europeus que consumam menos energia para garantir a soberania tecnológica do continente. Ele apela à criação de uma frota eletrônica de “corsários 3.0”, que, ao lutar contra a pirataria, se apropriaria das tecnologias existentes para defender uma visão francesa e europeia da IA.
Fonte: Le Modalogue
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