Em novembro de 1984, o músico francês Jean Michel Jarre lançou um dos seus álbuns mais inovadores, conceituados e aclamados pela crítica mundial, “ZOOLOOK”.
Contando com uma grande equipe de colaboradores, incluindo uma colaboração com a chamada vanguarda musical americana, encabeçada pela artista multimídia Laurie Anderson, além de músicos do naipe de Adrian Belew (do King Grimson), o jazzista Marcus Miller, o baterista Yogi Horton e o guitarrista Ira Siegel. Para isto, Jarre, acostumado a gravar e produzir seus álbuns no seu estúdio particular em Croissy na França, parte para Nova Iorque, nos Estados Unidos da América para produzir “Zoolook”, com finalização realizada em seu próprio home-estúdio. Jarre explora uma nova direção artística.
Se no álbum “Magnetic Fiels” (1981), Jarre deu os primeiros passos rumo ao experimentalismo usando samplers, em “Zoolook” gravado em 1984, o músico francês foi além, pois grande parte do tom do álbum parece ser influenciado por elementos da música concreta e pelo seu tempo como aluno de Pierre Schaeffer no GPM em Paris, no final dos anos 60. Jarre fez uso extensivo de técnicas de gravação digital e de samplers. É considerado por muitos fãs e críticos, seu álbum mais experimental até o momento. Grande parte da música é construída a partir de canções e vocais de mais de trinta línguas diferentes, juntamente com sintetizadores, bem como instrumentos mais tradicionais.
Usando uma variedade de sílabas e fonemas tirados de diferentes idiomas pesquisados em volta do mundo, Jarre criou um novo som que fez “Zoolook” um dos álbuns mais sampleados na época. Nunca antes um álbum fez uso de várias amostras e samplers e isso é especialmente a originalidade da utilização de 25 vozes étnicas diferente com percussão que surpreendeu muita gente. Jarre convidou o etnólogo Xavier Bellenger como consultor para o projeto, responsável por capturar estes idiomas.
Bellenger gravou vozes de diferentes etnias como aborígine, afegão, árabe, bali, buhndi, chinês, holandês, inglês, esquimó, francês, alemão, húngaro, indiano, japonês, malagasi, malaio, pigmeu, polonês, quechua, russo, sioux , espanhol, sueco, turco e tibetano. O uso extensivo de synths “Fairlight” e sintetizadores Moog e Vocoder é notado neste trabalho. Partes das gravações ocorreram no “Klinton Studio” em Nova York, e foi co-produzido por Pierre Mourey e Denis Vanzetto, enquanto o assistente de produção foi o francês Frederick Rousseau, que também atuou com músico adicional nos sintetizadores. Os engenheiros de som foram David Lord, Rene Ameline, François Kevorkian e Ron St. Germain.
O envolvimento de Jarre com sampleamento de vozes, começou com um projeto abandonado no final dos anos 70, para a Opera de Paris. Jarre também reutilizou em “Zoolook”, algumas músicas do seu projeto anterior, o álbum de uma cópia só Music for Supermarkets, reaproveitando trechos de algumas músicas (“Music for Supermarkets Part 4” foi usada em “Blah-Blah Café” e “Music for Supermarkets Part 6” na segunda metade de “Diva”).
Seu lançamento foi uma surpresa para muitos críticos com sua avant-garde. O álbum foi elogiado por sua originalidade. Ganhou os prêmios “Prix de l’Académie Charles Cros” e um “Victoire de la Musique” e foi indicado como o disco instrumental do ano nos Estados Unidos.
Por sua vez, a arte da capa e arte interna de “Zoolook” foram convidados os designers Mark Fisher, Kate Hepburn e Fiona Doulton usando computação gráfica, manipulando uma foto do próprio Jarre. Mesmo o livreto interno ou encarte (booklet) de “Zoolook” incluiu os créditos técnicos exclusivos do álbum em várias línguas.
Jarre finalizando “Zoolook” em seu estúdio em Croissy (França)
Jarre divulgando “Zoolook” na TV francesa (TF1):
Jarre produziu ainda dois videoclipes para as faixas “Zoolook” e “Zoolookologie”, dirigidos pelo renomado diretor francês Jean Pierre Jeunet (diretor de “Delicatessen” , “Ladrão de Sonhos” e “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”), com assistência de Marc Caro
“Zoolook”
“Zoolookologie”
Apesar de todos os créditos para o álbum, ele acabou não se saindo muito bem comercialmente, e até o ano 2000, era o álbum que menos tinha rendido na carreira do artista. Hoje, obviamente, ele já não está mais nesta lista.
“Jean Michel Jarre – Zoolook”
Data de Lançamento: 1984
Número de Faixas: 7
Estilo: Eletrônico/Synthpop
Tempo Aproximado: 38 minutos
Faixa-a-Faixa:
01. Ethnicolor 11:41
02. Diva 7:33
03. Zoolook 3:50
04. Wooloomooloo 3:20
05. Zoolookologie 4:20
06. Blah-Blah Cafe 3:22
07. Ethnicolor II 3:52
Baixo – Marcus Miller
Bateria – Yogi Horton
Guitarra – Adrian Belew
Guitarra [Adicional] – Ira Siegel
Teclados – Jean-Michel Jarre
Teclados [Adicionais] – Frederic Rousseau
Outros [Etnologista] – Xavier Bellanger
Em 1985, a versão em CD apresentava um tracklist diferente com inclusão de dois remixes “Zoolook” (por René Ameline) e “Zoolookologie” (por François Kevorkian e Ron St. Germain), em ordem invertida. Alias, foi o primeiro álbum da carreira do artista lançado no formato CD.
01. “Ethnicolor” 11:41
02. “Diva” 7:33
03. “Zoolookologie” (Remix) 3:43
04. “Wooloomooloo” 3:20
05. “Zoolook” (Remix) 3:51
06. “Blah Blah Cafe” 3:22
07. “Ethnicolor II”
Relançado em 1997 com uma nova remasterização pelo selo Epic da Sony Music com as faixas originais de 1984. E novamente relançado como Edição “30th anniversary”, com outra nova remasterização em 2014 (digital) e 2015 (físico) também baseado nas versões originais.
Em entrevista na época do lançamento (1984), Jarre explicou o que o motivou a convidar Laurie Anderson para participar do álbum “Zoolook” :
“Laurie (Anderson) foi, para mim, um encontro realmente fabuloso, tanto a nível musical como humano. Criei para ela uma música na qual ela trabalhou, “Diva”! Ela tem esse lado de ecletismo no que faz, e ao mesmo tempo, vocalmente, ela tem uma voz absolutamente incrível. Ela é única em todas as vozes, que é intencionalmente criado como algo musical e as outras vozes sendo tratadas musicalmente e ritmicamente.
Chegando em Nova York, eu estava lendo o jornal do metrô bastante conhecido, o “Village Voice”. Era um artigo sobre Laurie, que exibia suas pinturas, esculturas e vídeos em uma galeria. Marcamos um encontro no estúdio onde eu fiz-lhe ouvir os modelos sonoros. Ela ficou embalada e concordou em trabalhar comigo no desenvolvimento de uma linguagem cantada que não existe, como se viesse de outro planeta, sem fazer sentido, mas que causa muita emoção. E o que ela fez foi muito bem sucedido!”
Durante as gravações do álbum em Nova York, Jarre conheceu pessoalmente Andy Warhol, apresentado por Laurie Anderson durante uma visita ao lendário Studio 54 de NY.
Para celebrar os 30 anos do álbum, a edição “Zoolook – 30th Anniversary”, está sendo relançado digitalmente em várias lojas virtuais, como o iTunes e outros. A versão física só será lançada em Janeiro/2015. E o documentário multimídia “Zoolook Experience”, está sendo preparado para o começo de 2015.
Fontes: Wikipédia, Jeanmicheljarre.com
Agradecimentos: Daniel Lazerus pelas fotos das gravações de Zoolook em NY.
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