Até hoje existe uma grande chiadeira com relação a quem realmente detêm o “Recorde de Maior Público ao ar livre da história”: o músico francês de música eletrônica, Jean Michel Jarre no concerto “Oxygen in Moscow” (1997) ou o roqueiro britânico Rod Stewart no show do Réveillon de Copacabana no Rio de Janeiro (1994-1995).
Jean Michel Jarre foi o primeiro artista na história a bater o recorde de mais de 1 milhão de pessoas, em 1979 em seu primeiro concerto ao ar livre na Place de la Concorde em Paris, na França. Recorde homologado pelo Guinness Book a partir das edições de 1980 e que pendurou até abril de 1986, quando o próprio Jarre quebrou o recorde mundial com um público estimado em 1,3 milhão de pessoas (extra-oficialmente teria sido 1,5 milhão), na cidade de Houston, no Texas (EUA) no grande concerto para a NASA e para homenagear os astronautas da Challenger. Em Julho de 1990, Jarre novamente quebrou o recorde mundial com o concerto no La Defense, também em Paris, para um público de 2,5 milhões de pessoas.
Este recorde perdurou até 31 de dezembro do Réveillon 1994/1995 na cidade do Rio de Janeiro, quando o cantor britânico Rod Stewart teria reunido mais de 3,5 milhões de pessoas na Praia de Copacabana em um show que até hoje gera discórdia com relação aos números do público. Mas foi este o recorde que o Guinness Book passou a homologar em suas edições publicadas a partir de 1995. Jornais cariocas da época deste evento revelaram que o público estava lá em sua maioria para ver a queima de fogos na praia, que ocorreu “antes” de Rod Stewart entrar (inclusive muitos jornais da época falam que o show teria sido um fiasco, atrapalhando a famosa festa de oferendas a Iemanjá). Quando o cantor começou a cantar, a queima de fogos já havia acontecido e boa parte do público que estava na praia começava a deixar o lugar para ir embora. Então dificilmente este recorde foi verdadeiro. Alguns relatam um público bem menor durante o show. Mas o que acabou valendo, foi o que as autoridades, com apoio da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, e da Pepsi (patrocinadora do evento), relataram para a imprensa, o que já vinha acontecendo meses antes do show acontecer, como se a Prefeitura tivesse este recorde como fato consumado.
Em setembro de 1997, Jean Michel Jarre voltou a surpreender, e fez um mega concerto na Rússia, para celebrar os 850 anos de Moscou, na Universidade Estadual. O público estimado foi o mesmo do show no Réveillon carioca. Obviamente, pelo recorde do show de Rod Stewart com o mesmo número de pessoas ter acontecido primeiro, o público do Jarre em Moscou nunca chegou a ser homologado oficialmente, apesar de vários protestos por parte de fãs.
E para piorar, o recorde de Rod Stewart foi…mudado !!! Sim! Agora o Guinness Book homologou o recorde como sendo de 4,2 milhões de espectadores!!! (Como assim? Um milhão a mais? Veio de onde isso?). E o Jarre?
Bem, Jean Michel Jarre teve uma nova citação no Guinness Book pelo concerto de Moscou…finalmente??? Bom, quase isto. Se o recorde do Rod Stewart foi aumentado em 1 milhão de pessoas, existe agora uma citação de “MAIOR AUDIÊNCIA PAGA PARA UM CONCERTO DE ROCK SOLO”, um nome bem estranho não acham? A citação é:
“De acordo com reportagens de imprensa da época, em 6 de Setembro de 1997, Jean Michel Jarre foi convidado pela prefeitura de Moscou para fazer um show em um palco montado na frente da Universidade Estadual da cidade, nas comemorações do 850° aniversário da capital russa, onde por volta de 500 mil pessoas se aglomeraram ao redor do palco. Fãs que não conseguiram ingressos para o concerto se reuniram no topo das colinas circundantes para assistirem à distância o extraordinário show de som e luzes de Jarre. Foi estimado que este número foi de aproximadamente 3 milhões de pessoas.”
Então o que o Guinness está informando agora é que 500 mil “teriam” pago para ver o show e outros 3 milhões assistiram dos morros à distância em volta da Universidade. O Guinness ainda informa que este registro foi fornecido por consultores e instituições especializadas, e se alguém quiser discutir sobre esse registro, é pra entrar em contato direto com eles no site oficial (é necessário um login).
Vimos essas mudanças meio que uma tentativa de “lavar” as mãos com relação a este recorde sempre contestado. Aumentado o mesmo sem qualquer razão e dando uma citação estranha ao que deveria ser verdadeiro, para não dizer que erraram feio nesta homologação.
Fonte: www.guinnessworldrecords.com/
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